MÚSICAS

1
Oração das sete cores
Edson Natale
Spin Music

Lá fora não sou mais do que você, 
lá fora não sou menos do que sou,
se beijo outros homens,
se creio em outro Deus,
quem disse que sou menos dos que os teus?

Eu seu que você sabe que eu sei,
que tú não acreditas no que dizem,
se sou teu desigual,
se creio em outro Deus,
quem disse que sou menos dos que os teus?

O jeito que tú vives tua vida,
é só uma das maneiras de viver,
Se tenho outros sonhos, 
se creio em outro Deus,
quem disse que sou menos dos que os teus?

O rio que atravessa o teu quintal,
carrega a água que choveu no meu,
O sol que me ilumina, passou pelo teu corpo,
quem disse que sou menos dos que os teus?

Lá fora não sou mais do que você, 
lá fora não sou menos do que sou,
se beijo outras mulheres,
se creio em outro Deus,
quem disse que sou menos dos que os teus?


violão e voz – Edson Natale 
voz – Ana Deriggi 
guitarra e efeitos – Chico Correa


Oração das sete cores praticamente brotou no final das gravações, veio de sopetão enquanto caminhava com Anúbis, o cachorro da família. Cheguei em casa e fiquei experimentando as ideias no violão, pegando gosto na canção até decidir incluí-la no no disco que até então estava planejado para ter onze músicas. Desde o primeiro instante pensei que seria uma canção para a Ana Deriggi cantar e considerei que Chico Correa saberia vestir a canção com as texturas sonoras adequadas para um poema-oração como este…



2
Uma vida standard
(Edson Natale e Maurício Pereira)
Spin Music

sou porta estandarte
do homem comum
da porta pra fora
eu sou qualquer um

eu sou qualquer cara
chupando laranja
trabalho até tarde
namoro com Sandra

eu sou qualquer corpo
de um metro e setenta
cuidei das crianças
me meto em encrenca

sou porta bandeira
das cores mais simples
folhinhas, chaveiros
ganhados de brinde

sou o espírito santo
na porta de entrada
das casas pequenas
na beira da estrada

sou porta estandarte
do homem standard:

sou Walter Stuart
ou um peixe chamado Wanda


violão e voz - Edson Natale 
voz - Renato Braz
piano - Paulo Braga 
percussão - Maurício Badé  
contrabaixo - Ana Karina Sebastião 


Assim que recebi a letra do Maurício Pereira no meio da pandemia, fui imediatamente tragado por ela. Fui burilando a música por meses até gravar o violão e em seguida realizar o sonho de reunir um trio de instrumentistas que admiro demais e que sempre quis ter junto comigo: Paulo Braga, Ana Karina Sebastião e Maurício Badé.  Renato Braz aceitou de pronto o convite, quando enviei a canção pelo wapp, já com esse power trio tocando: podem imaginar como foram felizes e desafiadoras para mim, as horas que passamos  juntos, cantando, proseando e lustrando esta canção? Essa letra confirma, mais uma vez, o dom que o Pereira tem de iluminar cenas do cotidiano e dizer simplesmente ”..eu sou qualquer cara chupando laranja" e isso soar tão lindo…



3
Carta para Mateo
Edson Natale
Spin Musicc


violão - Edson Natale 
saxofones - Saxofonando (Beatriz Pacheco, Danilo Rocha, Léo Brandão e  Wellington Martins)
trompa - Edinho Zeferino 
contrabaixo – Ronaldo Gama 
dobro - Tuco Marcondes 
arranjo metais - Nailor Proveta 


Quando comecei a fazer essa música, vi no instagram de um grande amigo a fotografia de seu pequenino filho brincando com a própria sombra na praia. Desde então aquela imagem voltava sempre e por isso decidi enviar uma carta musical para Mateo, o menino que brincava com o sol e o mar. Contei essa história para o Nailor Proveta e concluímos  que esta carta deveria ser escrita com trompa e quarteto de saxofone e naturalmente chegamos aos integrantes do Saxofonando e Edinho Zeferino, músicos que conhecemos e convivemos quando trabalhamos juntos na Escola de Música do Auditório Ibirapuera. Ronaldo Gama e Tuco Marcondes, mais do que músicos imensos e amigos queridos, tiveram a sensibilidade de serem também lápis e caneta a ilustrar essa carta amorosa e feliz da qual somos todos remetentes e que seguirá seu destino em direção ao pequeno Mateo.



4
Zuza
Edson Natale
Spin Music


violão - Edson Natale 
percussão - Maurício Badé  
contrabaixo - Ana Karina Sebastião 
clarinete e saxofones - Nailor Proveta 


A ideia deste disco começou justamente nessa música, numa noite em que sabe-se lá porque, afinei o violão em DADGAD e fiquei brincando, gostando e brincando mais, até me dar conta que tinha encontrado o  início de uma música.  Lembrei do amigo músico e compositor André Geraissati, que foi quem me ensinou a "brincar" com as afinações, algo que fez magistralmente em vários discos, especialmente para mim, em seu álbum "Solo", lançado no final dos anos 1980. Quando a música estava quase pronta, fiz uma visita para o Sérgio Molina e foi quando o título surgiu: "Zuza" em homenagem ao nosso amigo mestre Zuza Homem de Melo. Maurício Badé, Proveta e Ana Karina gravaram como se Zuza estivesse no estúdio, ouvindo, contando suas deliciosas histórias musicais e nos abastecendo de referências;  preenchendo os espaços com sua deliciosa e inesquecível risada… Viva Zuza!



5
Te busco onde for
Edson Natale, Anelis Assumpção e Gustavo Ruiz
Spin Music / Altafonte

Instilar som e fúria, 
rente, dentro da gente
Brincar com a luz que te revela:
é bom que esteja salva e sã,
a brisa que exorciza essa manhã
a brisa que exorciza essa manhã
a brisa que exorciza essa manhã
Quem disse que o amor flutua?
Quem disse que o amor flutua?
Quem disse que o amor flutua?
 
Tremor e magma: os dias não terminam lá na roça.
Fervor e lágrima, as noites são só noites,
arando a gente com gilete.
Me diz onde?
E de tonka, barco ou bonde,
te busco onde for, te busco onde for.
 
No crepúsculo leve que desponta, relevo.
Tem chuva no roçado: te busco, te levo 
No seu corpo molhado, florada é temporada;
No centro da terra, ali na esquina
A laranja descascada espirra,
um cheiro de verão
Me diz onde?
E de tonka, barco ou bonde,
te busco onde for, te busco onde for.


violão – Gustavo Ruiz 
percussão – Maurício Badé  
voz – Renato Braz 
voz - Ceumar 
voz - Edson Natale 


Tudo começou no meio de uma consulta veterinária, quando a orientação  foi instilar algumas gotas de colírio nos olhos do cachorro. Quando a veterinária, Dra. Camila, disse a palavra "instilar", achei linda e não me lembrei de tê-la ouvido antes. Voltei pra casa decidido a fazer uma canção e rabisquei alguns versos e depois enviei e contei toda a história  para a Anelis Assumpção que em algumas semanas a devolveu. Enviamos a letra para o Gustavo Ruiz que mineiramente trabalhou em silêncio durante semanas: quando nos enviou foi uma surpresa linda, com um violão classudo! Pensamos que o mundo ideal para gravá-la seria com a percussão do Maurício Badé e um duo formado por Renato Braz e Ceumar cantando juntos, um sonho…



6
Levante
Edson Natale
Spin Music

Levanta, levanta
levanta prá honrar o futuro
levanta, levanta,
Alvorada não pode esperar
levanta, levanta
levanta prá honrar o futuro
levanta, então levanta
a esperança não pode esperar

E se você não souber pr'onde ir
lembre-se ao menos, de onde veio
brilha uma estrela aqui no meu quintal,
se você se apresenta a Nação se levanta,
Levanta

Vamos que o futuro é hoje minha gente!

Levanta, levanta
levanta prá honrar o futuro
levanta, levanta,
Alvorada não pode esperar
levanta, levanta
levanta prá honrar o futuro
levanta, então levanta
a esperança não pode esperar

E se você não souber pr'onde ir
lembre-se ao menos, de onde veio
brilha uma estrela aqui no meu quintal,
se você se apresenta a Nação se levanta,
brilha uma estrela aqui no meu quintal,
se você se apresenta a Nação agradece


voz – Edson Natale
voz -  Seis Canta (Ana Ferrini, Amanda Temponi, Raquel Bernardes,  Eva Treva, Paulla Zeferino e Wilson Alves)
percussão – Maurício Badé  
trompete – Vanessa Larissa
cavaco bandola  – Ronaldo Gama 
arranjo metais - Nailor Proveta 


Este samba de rua nasceu para fazer parte da trilha sonora da reconstrução do Brasil, depois de um longo período trevoso. Quando estava pronta corri até o estúdio do Maurício Badé, que  gravou a percussão, para a música seguir viagem para encontrar  o Proveta que sugeriu trompete e saxofones. Mais uma vez convidamos músicos com os quais convivemos na Escola de Música do Auditório Ibirapuera durante os anos em que trabalhamos juntos por lá. Foi o Gustavo Ruiz quem sugeriu um cavaco bandola e, coincidência ou algoritmo, neste mesmo dia dou de cara com Ronaldo Gama tocando cavaquinho no Instagram! 



7
O alpendre dos meus seios
Edson Natale e Toninho Mattos
Spin Music

Destes sonhos prontos, fiz minha alquimia
espero que eu te chamo só pra ver;
que na brincadeira de te olhar por minha calma
te descubro ao meu lado, enxaguando a alma num jardim.

Projeto, vendo as veias do meu ventre,
que meu filho não terá só minha luz;
gestar com ele o fim de qualquer muro:
lhe darei um rio limpo onde nadar,
um alqueire de mata em cada metro,
e o alpendre dos meus seios pra sonhar.

Vem, tira dos livros essa sina, 
vive na vida a tua esquina,
e não esquece:
que prá se fazer, só falta o fiz
que prá se fazer, só falta o fiz


piano - Leandro Cabral 
voz - Amanda Maria 


Essa é uma música que fizemos no final da década de 1980 e que pouco mais de três décadas depois,  decidi gravar.  Quando Amanda Maria e Leandro Cabral chegaram no estúdio, tudo foi muito intenso e desde a primeira tomada tudo soou de uma maneira muito, muito especial. Me lembro de eu virar para o Pedro Luz, que comandava a gravação, e a gente se olhando com aquele ar de "caramba, o que é que tá acontecendo?", uma lindeza…



8
Solavanco
Edson Natale e Paulo Freire
Spin Music

Tomei um susto, foi um solavanco
eita, que vergonha, ocê tava me olhando!
ai, eu te vi, pelas frestas da chuva
e tú tavas tão linda e eu, todo encharcado

Da minha roupa, não prestava nada
eu fui ficando nú, alí na ribanceira
chuva parou, fiquei feito uma estátua
e veio Adamastor, me trouxe uma toalha

Chegou Arminda, num vestido liiiindo
me trouxe uma calça, de tecido chique
camisa e meia, veio por Paulinho
que toca vióóla com Mestre Constantino

Ganhei um lenço, que dobrei no bolso
junto um sapato, couro? avermelhado
muito prazer, meu nome é Ribamar
e eu só quero mesmo é saber de uma coisa...uma resposta sua só:
...ocê quer ir no baile comigo?

...hummm
Pode sê, vô


violão e voz - Edson Natale 
viola - Paulo Freire 
percussão - Maurício Badé  
voz - Márcia Salgado 


No meio da pandemia enviei umas ideias gravadas para o Paulinho, que foi tomando forma, a quatro mãos. Ele gravou lindamente a viola no Space Blues e ficamos brincando e comentando que essa música tem uns "solavancos" e foi assim, na brincadeira, que surgiu o título, por acaso. Foi depois da luxuosa participação de Maurício Badé na percussão que surgiu a ideia desta letra:  história de amor surreal e chuvosa que completou-se com a  participação de Márcia Salgado, companheira da vida toda e mãe dos nossos Gabriel e Danilo.



9
Clepsidra
Afonso Celso de Medeiros e Toninho Mattos
Spin Music

A mão já pode apertar a mão ou o botão
             e aguarda o toque desejado
                a vida treme de tensão
               no espaço embalsamado
                 entre o gesto e a mão
                  E quando há de ser?
                     Hoje, amanhã,
                         De manhã?
                             Talvez
                                Já?
                                Já?
                             Talvez?
                         de manhã?
                        Hoje, amanhã
                   E quando há de ser?
                  Entre o gesto e a mão,
                no espaço embalsamado
                 a vida treme de tensão
           e aguarda o toque desejado
  A mão já pode apertar a mão ou o botão


vocal - Seis Canta (Ana Ferrini, Amanda Temponi, Raquel Bernardes,  Eva Treva, Paulla Zeferino e Wilson Alves)
arranjo vocal - Daniel Reginato 


Desde 1987 sou apaixonado por essa canção, cuja letra está no primeiro livro que publiquei, em parceria com o próprio Afonso Celso de Medeiros. Durante o processo de decisão - gravar ou não gravar um disco novo? gravar prá quê? e todas essas coisas que passam na cabeça da gente, percebi que estava cantarolando essa música indo pra padaria, no chuveiro, etc. Fã que sou do Daniel Reginato e do Seis Canta, percebi que tinha o álibi perfeito para convidá-los: ô sorte! como diria o mestre Wilson das Neves…



10
Use o frio prá isso
Edson Natale e Jards Macalé
Spin Music e Altafonte

Preste atenção agora,
bote tenência no que vou dizer,
use o frio prá isso
use o frio prá isso

Renove a brasa, a canja e a chama
se rasgue, se lance e avance
lamba a ferida vulcão furta cor,
discorde, cresça e remexa,
goze, trema e grite,
use o frio prá isso
use o frio prá isso

Rumine o desejo e afague
o norte, o cansaço e a sorte
o beijo a bula e o abraço.
você que acorda e não sabe porque.

Você que acorda e não sabe porque 
Se lembre que estou aqui prá você.
Resista, insista e me ame
dispare a vacina e o beijo
use o frio prá isso
use o frio prá isso

A rua, a fornalha e o granizo
teu corpo ofegante em busca de um romance
um pedaço do fim e o começo de novo.
Esprema, se lasque e mate
o pavor, a maleita, o nó na garganta
debute a semente e deslanche
use o frio prá isso
use o frio prá isso}


voz - Edson Natale 
piano - Paulo Braga 
violão 7 cordas - Edinho Almeida 
cello - Mário Manga 


Durante a pandemia conversava com Renato Corch, amigo querido, que ouvia relatos frugais a respeito do que estava lendo, tocando e fazendo naquele inverno. A certa altura ele disse algo como "que bom que você está usando o frio pra isso…".  Foi o mote para  trocar versos e ideias com meu grande amigo Jards Macalé, algo que fizemos muito durante a pandemia.  Depois de muitas idas e vindas de conversas remotas, concluímos que a canção estava "madura" para seguir para o Daniel Reginato, que a transcreveu.  O piano de Paulo Braga, o sete cordas de Edinho Almeida e o cello de Mário Manga vestiram a canção que foi feita com um misto de dor e  vontade de abraçar as pessoas e seguir junto, naqueles momentos em que a pandemia e a estupidez negacionista foram tão cruéis com tantxs… 

11
Huellas
Edson Natale
Spin Music


violão - Edson Natale 
guitarras - Guilherme Held
piano - Paulo Braga 


…pelejando no início da feitura dessa música, naquele quase inesgotável processo de  "isso tá bom, isso não tá, tá tudo ruim, começa de novo…", vi uma foto linda e amorosa da minha querida amiga argentina, Maitê Ciancaglini com seu pai. Contei a pequena história e perguntei qual era a palavra que mais gostava em sua língua natal: "huellas", ela respondeu. [ huellas quer dizer "pegadas"]. Essa música é um presente prá ela! No estúdio, o Paulo Braga gravou o piano de primeira, um arraso.  Em seguida foi o Guilherme Held com quem comentei que estava em uma fase de ouvir muito "Déjà vu" o clássico disco do Crosby, Stills, Nash & Young e que adorava aquelas guitarras… Poucas semanas depois eu estava ouvindo incessantemente - e adorando - as guitarras que o Gui Held gravou…



12
Dona Divergência
Lupicínio Rodrigues / Felisberto Martins
Vitale

oh! Deus, se tens poderes sobre a terra
deves dar fim a esta guerra
e aos desgostos que ela traz.
derrame a harmonia sobre os lares
ponha tudo em seus lugares
com o bálsamo da paz.

deves encher de flores os caminhos
mais canto entre os passarinhos
dar a vida, maior prazer.
e assim, a humanidade seria mais forte,
ainda teria outra sorte,
outra vontade de viver.

não vá, bom Deus, julgar que a guerra que estou falando
é onde estão se encontrando, tanques, fuzis e canhões.
refiro-me à grande luta
em que a humanidade  
em busca da felicidade
combate pior que leões.

Aonde a Dona Divergência com o seu archote,
espalha os raios da morte, a destruir os casais.
e eu, combatente atingido,
sou qual um país vencido,
que não se organiza mais.

violão e voz - Edson Natale 
vocal - Seis Canta (Ana Ferrini, Amanda Temponi, Raquel Bernardes,  Eva Treva, Paulla Zeferino e Wilson Alves)
percussão - Maurício Badé  
arranjo vocal –      

Conheci essa canção de Lupicínio Rodrigues e Felisberto Martins na segunda edição do Banquete dos Mendigos, no Teatro Municipal de São Paulo em 2001, projeto em que trabalhei junto com Jards Macalé, quando estava no Itaú Cultural. Duas décadas depois, estava trocando as cordas dos violões e resolvi experimentar algo bem esdrúxulo, deixando um deles afinado em EEAADG e brincando de percutir as cordas: foi quando surgiu a lembrança do Macalé cantando essa linda canção, mais atual do que nunca… Conversei muitas vezes com Daniel Reginato, que teve uma paciência de Jó comigo, até chegarmos nesse resultado com o Seis Canta. Sou um ardoroso fã de Lupicínio e é uma honra poder gravá-lo!







Ficha Técnica

Direção de Produção - Edson Natale
Gravado nos Estúdios - Brocal, Markondz, Pele Preta, Space Blues  e Tamarineira
Gravações realizadas por
Alexandre Fontanetti, Gustavo Ruiz, Guilherme Held, Maurício Badé, Pedro Luz, Renato Gama, Tuco Marcondes e Victor Hugo
Mixagem – Ricardo Mosca
Masterização – Felipe Tichauer
Foto Capa – Humberto Pimentel
Design Gráfico - Estúdio Pavio / Lidia Ganhito
Assessoria de Comunicação – Débora Venturini
Fotos divulgação - Renê de Paula
Distribuição Brasil – Tratore
Distribuição Internacional – Horus Music



produzido por zarpazanza - spin music